domingo, 19 de dezembro de 2010

Até a mais alta torre começa com a primeira pedra

Bom, esse é o primeiro post. Eu escrevo ele para mim mesmo, pra tentar entender o que quero escrever aqui, como quero escrever aqui, e num sentido mais técnico mesmo, pra ir "pegando a manha". É uma vergonha ter passado por Jornalismo Digital, Online I, Online II e Projeto Online e não saber fazer um blog decentemente, mas é a vida, né? Pelo menos dei o primeiro passo, e logo logo pego o jeito (por exemplo: espero descobrir em breve como colocar a descrição desse blog no lugar certo - que pra mim, seria à direita da tela, num espaço mais discreto).

Bom, eu falei em "primeiro passo", certo? O título do post também é sugestivo: "até a mais alta torre começa com a primeira pedra". Bonitinho, não? Foi a frase que eu escolhi pra aparecer no telão junto da minha foto na formatura da 8va série. E ontem foi minha formatura da faculdade. Poisé. Jornalista formado. E só agora comecei um blog, hehe. Mas acho que isso é bom. Não quero entrar nessas tosquices de "renovação de fim de ano". Não é isso. É que sair do Jornalismo - e da Famecos - é, pra mim, cortar o cordão umbilical da vida-colégio. Não deveria ser - sim, eu deveria ter caído na real durante a faculdade -, mas é. A Famecos foi um pós-colégio, uma extensão da vida escolar, e vejo no ingresso na UFRGS, no curso de Ciências Sociais, o verdadeiro amadurecimento, em todos sentidos possíveis. Desse modo, esse blog é a primeira pedra pra uma reflexão mais profunda, pra marcar e deixar marcados esses pensamentos e sentimentos que vêm e vão com tanta facilidade que sequer lembramos deles alguns dias depois. Isso aqui é uma marca que pretende marcar. Não faço esse blog para me lerem. Antes disso, faço esse blog para me ler.

Quanto ao nome do blog, é mais uma homenagem minha a Roland Barthes, escritor fantástico que descobri nessa reta final de graduação. Em suas obras, Barthes fala muito de como o Poder se instaura na linguagem, e de como todo discurso está a serviço de um Poder. Se prestarmos um pouco mais de atenção, podemos notar que o senso-comum e o establishment andam de mãos dadas, mesmo que à primeira vista não pareça. Mas assim o é, pois o senso-comum sempre tende a naturalizar o estado das coisas. É contra essa naturalização que Barthes - e aqueles que o lêem - se volta. Desse modo, Barthes retoma o conceito aristotélico de "doxa" para colocar seu discurso de modo para-doxal. Isso porque, para Aristóteles, a Doxa seria a "opinião geral, corrente", enfim, o senso-comum (e é muito importante saber diferenciá-lo da sabedoria popular, mas isso é [quase] outra história). Desse modo, Barthes entendia que, no seu papel de intelectual, se bater contra o senso-comum e seu poder amortizador, naturalizador, da linguagem e do mundo, era mais que uma obrigação: era uma aventura.

Bom, aqui pretendo o mesmo. Para-doxar. Buscar novos olhares - ou velhos, desde que diferentes. Desde que rompam com o estabelecido. Desde que tragam a graça de fugir da mesmice.